quinta-feira, 25 de outubro de 2007

A verdadeira história... [II]

Capítulo Strahov - parte I

Ultrapassadas as formalidades checas do registo no Bloco 7 em Strahov [a única actividade em que o buddy do BB participou de alma e coração], ultrapassada a barreira da língua com a preciosa ajuda dos nossos intérpretes, ultrapassado aquele ar de "huuumm seus malandros" quando pedimos para ficar juntos no quarto, após assinaturas e entrega de chaves, subimos as escadas até ao 3º andar. Nada de elevadores, porque a manutenção é muito dispendiosa [vá, até há um elevador, mas é velho, está meio camuflado - quase ninguém se apercebe que está ali um elevador - e não funciona como deve ser, porque lá está, manutenção dispendiosa...]
N.º 302.
Assim à primeira vista, aberta a porta, até nem parecia mau de todo. Vá, digamos que já tínhamos sido avisados para a possível decadência do quarto. Que era mínimo para uma pessoa, também já sabíamos (quanto mais para duas...). As paredes amarelas e azuis surpreenderam-nos, mas também não nos chocaram totalmente. E assim de repente não reparámos na sujidade das cortinas nem na podridão dos armários/camas. Gostámos particularmente do pano de cozinha em cima da almofada e do sabonetinho que lá deixaram também (o do BB estava dentro da embalagem de plástico, o meu nem por isso, estava assim ali em cima, ao léu...) e do balde e da esfregona dentro de um dos armários...
O Michal tentava desculpar, de alguma forma, esta recepção checa da qual ele não tinha culpa nenhuma, mas a verdade é que se estivesse no lugar dele, também ficaria um pouco embaraçada por receber assim "convidados" no meu país. "Oh, I'm sorry..."; "No problem, don't worry, it's not that bad, I thought it was going to be worse..." [pensavas, pensavas... dizias aquilo na altura porque ainda não sabias o que estava para vir...]
Internet, só a partir das 22 horas, que seria quando o "administrador" da rede daquele bloco chegaria.
Saímos para comprar qualquer coisa para comer num mini-mercado de aparência duvidosa ali ao lado (o único que estava aberto), porque viagens low cost combinadas com a correria no aeroporto de Bruxelas para apanhar o avião para Praga resultam em muitas horas sem comer, e portanto, fome.
Regressados ao bloco, fizemos um rápido tour pelo andar para espreitar as cozinhas e wcs e restantes salas que pudesse ter (e que não tinha). Cozinhas, mínimas, sem equipamento para além de placas e forno. "Querem cozinhar? Tragam os vossos utensílios e arranjem um frigorífico para o quarto, porque aqui não há nada disso.", gritavam as cozinhas.
"Onde é que será o wc feminino? Aqui não diz nada..." "Pah, não sei, mas deve ser daquele lado, vi de lá uma rapariga a sair há bocado" "Mas aqui também não diz que este é de homens..." "Pois sei lá, isto nada diz nada..."
Acho que estávamos tão cansados que acabámos por adormecer até quase às 23h. Quando saímos do quarto para ir ao wc, estava a chegar o "internet guy", e tratámos logo das nossas contas. Também tratei logo de ficar com a minha primeira impressão dos checos - são uns porcos e cheiram mal!
A sério... Levámos os nossos portáteis para lá e ele disse que os pusessemos em cima de uma bancada, que arranjássemos espaço por entre óleo, migalhas, condimentos e sei lá mais o quê. Aquilo fez-me um bocado de impressão, tentei procurar uma pontinha da bancada que não estivesse tão má para apoiar o portátil, enquanto segurava e procurava manter a salvo o resto, mas mesmo assim quase assinei a folha de registo na internet em cima de restos de comida. E o rapazito checo, na boa, para ele aquilo deve ser a coisa mais natural do mundo. Que espécimes. Este chegou todo bem vestido, fatinho, engravatadinho. O tempo de irmos ao quarto buscar os portáteis foi o tempo de se por quase nú - quando lá chegámos já estava descalço e em tronco nu. Bora lá! O seu "roomate" estava divertidissimo no escurinho daquela pocilga que era o quarto deles a ver os "Friends" dobrados em checo. Ria-se que nem um perdido, pois claro.
Antes de regressarmos ao quarto e após ele ter saído connosco para nos mostrar a folha em que estava o número de conta para o qual deveríamos depositar 800 cz em 10 dias, tivemos que desfazer uma dúvida que pairava nas nossas cabeças... "Are the toilets mixed?" "Yes, yes. Last year they tried to separate it, but they couldn't because people here didn't let them." E ria-se com o ar mais estúpido do mundo. Bonito, hã?
Sentia-me particularmente feliz quando regressei ao quarto. E mais feliz fiquei ainda quando vi que as janelas não vedavam bem, que entrava um frio do caraças no quarto e que o aquecimento não estava a funcionar. A juntar a isto, o facto de não termos ainda as malas assim como nada para comer, nem cozinhar. Que aconchegante...

Querias Erasmus? Então toma lá, aí tens.

1 comentário:

Anónimo disse...

o primeiro impacto é sp o pior!1º estranha-s mas depois entranha-se!
heheh
Nada melhor k um bom dia de limpezas para por tudo num brinkinho!