quinta-feira, 18 de outubro de 2007

A verdadeira história... [I]

Praga, 10 de Outubro de 2007

9h55m (8h55m em Portugal)


Um calor embriagante toma conta de mim. O sr. professor Hexner fala e continua a falar sobre as origens do urbanismo em Praga, mas eu já nem oiço nada. Já nem me consigo concentrar para tirar apontamentos como deve ser, até já escrevi coisas sem nexo, sem pés e sem cabeça. Por isso, deleguei essa função para o meu querido BB :) [eu hei-de fazer o mesmo por ele numa qualquer outra ocasião] e resolvi escrever umas palavrinhas sobre algo que me entusiasme mais neste momento para ver se me consigo manter acordada (é que calha um bocado mal adormecer em frente ao prof, não é verdade?). É que já nem sei como hei-de estar... A verdade é que também não dormi muito na noite anterior, mas depois estar numa aula teórica com um senhor cuja fala é monocórdica e numa sala tão quente que, se lá fora preciso do meu casacão preto, aqui é tirar camadas de roupa até ficar só com uma blusita de alcinhas... Resultado: já bufo por todo o lado, já bebi imensa água, enfiei uma pastilha na boca para ver se a mastigar me consigo esquecer que estou com um sono dos diabos, mas nada resulta. Este calor então mata-me! Estou farta de me mexer na cadeira [o professor daqui a pouco pensa que eu estou com algum problema...], mas ainda assim, não resulta. Quem me manda ontem à tarde ter estado a montar uma secretrária enquanto o BB dormia a sesta? Ah, devia ter ido dormir com ele... Esta vida de estudante Erasmus dá cabo de mim...

A verdadeira história do início da aventura...


20 de Setembro de 2007.
Depois de uma saída de casa bastante atribulada [que implicou voltar duas vezes lá a cima para ir buscar 1) as reservas dos bilhetes de avião; 2) o telemóvel]; chego finalmente ao aeroporto.

7h15m.
Telefono ao BB para saber onde ele anda. Eu começava a ficar um pouco alarmada porque o nosso voo, que supostamente era as 8h50m, ainda nem estava mencionado no painel, e tratei de partilhar esta minha angústia com o meu companheiro de viagem. Decidido o ponto de encontro e após os cumprimentos, dirigimo-nos ao balcão de informações...
"Ah, este voo é só às 9h45m..."
"Desculpe?? Mas ninguém nos avisou da alteração, e já temos a reserva feita desde Junho..."
"Sim, sim, mas já há vários meses que é assim..."
Espanto nas nossas caras. Quase pânico quando nos apercebemos que poderíamos não conseguir apanhar o voo de ligação em Bruxelas.
"Ah, não se preocupem, as ligações estão asseguradas..."
E assim fomos tomar um café mais descansados... Ou talvez não.
"Sabe dizer-nos a que horas é depois o voo de ligação de Bruxelas para Praga?", perguntámos no check-in.
"Ah, não lhe sei dizer isso agora, mas devem ter tempo para fazerem o check-in, estes voos estão feitos para isso, normalmente dão tempo para as pessoas irem buscar as malas e fazerem de novo o check-in."
"É que quando reservámos os bilhetes pela internet, deram-nos a indicação de que este voo estava agendado para as 8h50m com chegada a Bruxelas às 12h25m locais, partida para Praga às 14h40m. Será que, uma vez que este voo atrasou, o voo de Bruxelas para Praga também será mais tarde?"
"Sim, sim, deve ser. Normalmente eles fazem isto para dar tempo para tudo."
E pimba, colocou "Bruxelas" como destino final para a nossa bagagem. Mas mal sabíamos nós a correria que nos esperava em Bruxelas...
Entretanto o voo das 9.45 atrasou. Chegámos a Bruxelas já eram quase 14h. ainda demorámos um pouco a sair do avião, mas mal pusemos os pés no aeroporto perguntámos a uma rapariga da Brussels Airlines que estava logo à entrada se tínhamos que fazer novo check-in, mostrando-lhe a reserva. Ela disse que não, que era só seguir para o avião, e que as malas seguiriam directamente. Disse-nos qual era o terminal, e nós lá seguimos. Pelo caminho tivemos ainda oportunidade de verificar (e de ficar em pânico!) que o voo para Praga continuava marcado para as 14h40m. Corremos para o terminal indicado (que ficava na outra ponta do aeroporto) e, esbaforidos, chegámos à porta de embarque precisamente quando já estavam a fazer a "Final Call" - tenho a sensação que eles terão mesmo chamado pelos nossos nomes através dos altifalantes, mas como não percebemos Dutch, não conseguimos perceber nada do que eles diziam. Mostrámos ao senhor as folhitas da reserva que tínhamos e ele ia-nos comendo vivos.
"You have to do the check-in!Now there's no time!You need a boarding card!"
"But we asked a lady from Brussels Airlines and she said that we didn't had to check-in, she told us to go straight to the plane!"
Para lá fez uns telefonemas e disse-nos que ia tentar fazer-nos o check-in ali.
"Luggage numbers?"
Mostrámos as etiquetas que nos tinham dado em Lisboa.
"This is not correct!! This is for Brussels, not for Prague! You have to go now because the plane is waiting for you to take off, when you arrive in Prague you have to claim your luggage!", quase aos berros connosco.
Lá seguimos para o avião, atravessando os olhares fulminantes dos outros passageiros que já deviam estar fartos de estar à nossa espera... E a nossa bagagem ficou às voltas no tapete em Bruxelas.
Chegados a Praga, primeira coisa, dar conta de que era preciso mandarem-nos a nossa bagagem. Tratámos de tudo - se ainda chegasse nesse dia, entregá-la-iam directamente no nosso dormitório.
Seguimos então ao encontro do meu buddy (que o Bruno entretanto adoptou, porque o dele não lhe liga nenhuma, LOL), que ficou super desiludido ao ver que não trazíamos bagagem (só umas mochilas) - ele, que raramente conduz, tinha levado de propósito o carro para o aeroporto para nos ir buscar. A nós e à nossa tralha. Tadinho do meu Michal...
De facto, notava-se que ele não conduz muito. Aliás, eu fiquei mesmo com a sensação que devia ser para aí a primeira vez que ele conduzia depois de ter tirado a carta. Lol! Mas pronto, lá prosseguimos. Houve alguns percalços pelo caminho - ele perdeu-se, e andou para lá à procura do caminho de volta no mapa, mas teve que ser o BB a dizer-lhe qual a saída da estação de serviço para regressar à auto-estrada, mas desta vez no sentido correcto - senão ele já estava a querer ir por uma em que íamos parar ao mesmo sentido de onde vínhamos (mal, pois claro). E estuda ele Engenharia dos Transportes. Ui!
E finalmente chegámos a Strahov... que será objecto de um outro post, porque Strahov... é Strahov! É tão especial (e a experiência foi tão enriquecedora) que merece um lugar de destaque ;)

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