segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Berlim

Com algum atraso, relato aqui a minha deslocação à capital do país mais populoso da UE.

Se olharem para um mapa, verão que Berlim é consideravelmente perto de Praga. Quatro horas de comboio (e se não parasse em tanta estação, provavelmente menos...).

Qualquer desculpa é boa para viajar. Mas quando se trata de ir ter com a Mãe, nem é desculpa, é quase necessidade. Principalmente quando há a promessa de vir com uma remessa de chocolate de leite Nestlé (algo que, inexplicavelmente, ainda não consegui encontrar na Checa - este checos são doidos). Portanto, e apenas com poucos dias de antecedência, foi comprar o bilhete e por-me a caminho.


Berlim é diferente. Diferente de qualquer outra capital europeia, pelo menos das que tenho visitado. A História que se vive nesta cidade é diferente. É recente e impressionante, e sentimo-la muito mais à superfície da pele. Toda a gente conhece o que se passou durante o século XX na Europa, e a Alemanha esteve sempre no epicentro dos acontecimentos. Embora tenha saído sempre derrotada, a sua economia é uma das mais fortes a nível mundial, e isso é realmente impressionante.


No fim da Segunda Grande Guerra, Berlim foi bombardeada praticamente até ao ponto de não-retorno para que a Alemanha capitulasse. Depois da vitória dos Aliados, o país ficou dividido em zonas, e a sua capital em sectores, controlados pelos 4 principais vencedores da guerra. Em 1948, a URSS impede que se efectuem ligações terrestres entre os sectores ocidentais da cidade e o restante país. Inicia-se assim a Guerra Fria. Com o desencadear de fugas em massa para os sectores ocidentais, os soviéticos erguem o famoso muro numa noite de 1961 de modo a evitar tais passagens. Cria-se então o enclave de Berlim Ocidental, apenas ligado ao mundo por pontes aéreas.






Já éramos nascidos quando finalmente o Muro cai, e a Alemanha se reunifica, em 1989. E é só a partir dos anos 90 que praticamente se reconstrói a cidade. Os poucos monumentos que restaram são restaurados, e vastas áreas anteriormente desertas são urbanizadas. Imagens de zonas do centro da cidade de há 20 anos impressionam pela drástica diferença de utilização.


O Reichstag


Porta de Brandemburgo


Potsdamer Platz

Mas a cidade está ainda muito marcada por esta História recente. Partes do Muro estão ainda de pé, numa incógnita acerca do seu futuro. Noutros locais, apenas uma linha no chão marca a sua posição, numa atitude para que não se esqueça o que se passou. As duas "Berlins" são ainda reconhecíveis, uma mais soviética, de traçado austero e racionalista, e outra mais moderna e capitalista. Vão nascendo, também, memoriais ao Holocausto, prova de que o povo alemão quer aprender com o seu passado, e confesso que são memórias bem impressionantes.


O Museu Judaico do tio Liebskind


O Memorial do Holocausto do avô Eisenman


É uma cidade que não se vê em 3 dias, o tempo que lá estive. Fica, portanto, a promessa de regressar, de explorar um local em completa transformação, em que a cada esquina se descobre algo novo e diferente (um paraíso para a construção civil!... bora lá, arquitectura!!). Um balanço final muito positivo, nem que fosse apenas por aqueles miminhos maternos que sabem sempre bem... =)


um Gehry


Sony Center


a "Ostra Grávida"


um Jean Nouvel









o melhor de dois mundos... reunidos em Berlim! niceee...

o Nosso Nandinho, no chão berlinense

mais uma referência bem portuguesa... o centro comercial da Sonae em solo alemão! bonito...

quem lá estava também era o Zé Manel




...e finalmente Juni tem o crédito que merece! uma famosa avenida de Berlim em sua honra! =D

LOL!! vivó Juni! Amen ;)

sábado, 27 de outubro de 2007

Obrigada, Xuxu.

Venho por este meio agradecer publicamente ao meu querido Xuxu por me ter auxiliado em tão árdua e extremamente complicada tarefa. Graças à alma caridosa do BB, ao seu espírito aberto e à sua natureza intrínseca de dar uma mãozinha sempre que um amigo precisa, poupei minutos de dor e de frustração.
Um grande bem haja a Erasmus e às novas experiências que nos proporciona!



[Quando pensares em abrir o teu gabinete de estética, avisa. Juntos formamos uma equipa imbatível ;) Adoro-te Xuxu. Mesmo! Só tu para me acompanhares nestas coisas... Só tu.]

Tango sem tempo e sem lugar.

Enquanto o meu querido BB ainda dorme, não resisti a partilhar com os caríssimos leitores deste tão conceituado blog como o Bruno é um óptimo companheiro de aventuras... Se bem que a maior parte já o saiba (e quem não sabe, desconfia ou faz uma ideia), o BB é uma óptima companhia de manhã no caminho para a faculdade ou à tarde no regresso a casa; óptima companhia para o almoço ou o jantar; óptima companhia para as compras no Tesco; óptima companhia para uma pausa no Coffee Heaven; óptima companhia para andar à procura das papelarias que não existem; óptima companhia para lavar a roupa ou a loiça; óptima companhia para uma saída à noite; mas sobretudo, sobretudo, o BB é um óptimo parceiro de dança.
Senão, vejamos...










Não é fácil chegar a tão elevado nível.
E estar aqui com ele e partilhar com ele tudo isto e muito mais do que possam imaginar, fez-me lembrar pequenos momentos passados em Portugal com ele e com aqueles que nos aconchegam o coração. Fez-me ir buscar folhas velhas da minha história ao baú das recordações. Fez-me lembrar de como era sentir-me feliz só porque acordava de manhã. Fez-me recordar aquelas coisas que, aparentemente insignificantes, dizem tanto a quem deixa os sentidos ganharem asas para voar.
Mas fez-me, sobretudo, recordar como longe daquilo que sempre conhecemos, longe das coisas que nos aquecem a alma e nos dão força para vencer mais um dia, é bom ter um tango para dançar com o Bruno. Nem que seja um tango inventado. O nosso tango.
Aquele que só nós dois sabemos dançar.
Aquele que trouxemos connosco na mala.
Sem tempo e sem lugar.



A ti, BB.


Sexta-feira ao final da tarde.

"Gostas?", perguntas-me.
"Gosto.", respondo-te.

Gosto de acordar 10 minutos mais tarde,
de agarrar a manhã que [inesperadamente] não se levantou fria,
de espreitar pelo ombro, ver a espuma das ondas no mar
e saborear a doçura da luz que foge às nuvens cinzentas que carrregam o céu.
Gosto de te devolver os sorrisos que me dás,
de dançar o nosso tango sem tempo e sem lugar,

de me esconder no meu chapéu quando as primeiras gotas me tocam,
do cheiro de um café quente depois de um caminho molhado.

Gosto da perfeição discreta dos desenhos inacabados.
Gosto da imprecisão das linhas que se esbatem e se fundem em manchas.
Gosto de ver, de olhar, de sentir, e de gostar.

Gosto do barulho das folhas que surpreendem os meus pés,
do cheiro dos jardins que me acompanham a casa,
das cores no horizonte que consigo alcançar do meu quarto
e que adormecem um sol que timidamente fecha os olhos...

Sim. Gosto de ti.
E gosto especialmente da sexta-feira ao final da tarde.