Com algum atraso, relato aqui a minha deslocação à capital do país mais populoso da UE.
Qualquer desculpa é boa para viajar. Mas quando se trata de ir ter com a Mãe, nem é desculpa, é quase necessidade. Principalmente quando há a promessa de vir com uma remessa de chocolate de leite Nestlé (algo que, inexplicavelmente, ainda não consegui encontrar na Checa - este checos são doidos). Portanto, e apenas com poucos dias de antecedência, foi comprar o bilhete e por-me a caminho.

Berlim é diferente. Diferente de qualquer outra capital europeia, pelo menos das que tenho visitado. A História que se vive nesta cidade é diferente. É recente e impressionante, e sentimo-la muito mais à superfície da pele. Toda a gente conhece o que se passou durante o século XX na Europa, e a Alemanha esteve sempre no epicentro dos acontecimentos. Embora tenha saído sempre derrotada, a sua economia é uma das mais fortes a nível mundial, e isso é realmente impressionante.
No fim da Segunda Grande Guerra, Berlim foi bombardeada praticamente até ao ponto de não-retorno para que a Alemanha capitulasse. Depois da vitória dos Aliados, o país ficou dividido em zonas, e a sua capital em sectores, controlados pelos 4 principais vencedores da guerra. Em 1948, a URSS impede que se efectuem ligações terrestres entre os sectores ocidentais da cidade e o restante país. Inicia-se assim a Guerra Fria. Com o desencadear de fugas em massa para os sectores ocidentais, os soviéticos erguem o famoso muro numa noite de 1961 de modo a evitar tais passagens. Cria-se então o enclave de Berlim Ocidental, apenas ligado ao mundo por pontes aéreas.
Já éramos nascidos quando finalmente o Muro cai, e a Alemanha se reunifica, em 1989. E é só a partir dos anos 90 que praticamente se reconstrói a cidade. Os poucos monumentos que restaram são restaurados, e vastas áreas anteriormente desertas são urbanizadas. Imagens de zonas do centro da cidade de há 20 anos impressionam pela drástica diferença de utilização.
Mas a cidade está ainda muito marcada por esta História recente. Partes do Muro estão ainda de pé, numa incógnita acerca do seu futuro. Noutros locais, apenas uma linha no chão marca a sua posição, numa atitude para que não se esqueça o que se passou. As duas "Berlins" são ainda reconhecíveis, uma mais soviética, de traçado austero e racionalista, e outra mais moderna e capitalista. Vão nascendo, também, memoriais ao Holocausto, prova de que o povo alemão quer aprender com o seu passado, e confesso que são memórias bem impressionantes.
É uma cidade que não se vê em 3 dias, o tempo que lá estive. Fica, portanto, a promessa de regressar, de explorar um local em completa transformação, em que a cada esquina se descobre algo novo e diferente (um paraíso para a construção civil!... bora lá, arquitectura!!). Um balanço final muito positivo, nem que fosse apenas por aqueles miminhos maternos que sabem sempre bem... =)
Sony Center
...e finalmente Juni tem o crédito que merece! uma famosa avenida de Berlim em sua honra! =D