domingo, 2 de março de 2008

Bálticos [6-13 Fev.] - 1ª parte

Depois de uma fase intensa de exames, trabalhos e entregas, chega o fim do semestre. Parece irónico, que a altura em que se devem aproveitar os últimos momentos sejam precisamente os mais ocupados pelo tão indesejado trabalho. Para muitos é o fim de Erasmus. O fim de 5 meses inesquecíveis, sem hipótese de transcrição. Cinco meses que mudam uma vida inteira e prolongam os horizontes de um olhar anteriormente míope. Janeiro foi um mês de depressão. Depressão porque foi uma fase erásmica nova. A fase de ficar fechado dias a fio porque os exames se seguiam sem clemência. E as hostes estavam mal habituadas, pois a vida em Praga nada tinha a ver com isto... Mas depressão também porque acabava o semestre. Para aqueles que partiam era o fim. Para os que ficavam, era a despedida e a perspectiva de uma fase nova, certamente diferente.

Mas antes de toda esta fase negra de partidas, um último esforço, em memória de todos aqueles momentos registados em mais de 15GB de fotos (e aqueles registados apenas nos neurónios!). A última viagem do semestre.

A turminha completa com o bólide

Ora, tal ocasião importante necessitava de um programa em cheio. Uma viagem que dificilmente faríamos de outra maneira, parcamente turística. Vai-se a ver, os países Bálticos não ficam assim tão longe!

E assim foi. Juntou-se o maior grupinho até ao momento (eles brotam!) e o plano ficou feito. Voo Berlim-Riga para ir, apanhando autocarro em Praga. Com os deadlines das partidas para regresso a Portugal, cada um se organizou como dava jeito. Uns visitaram Berlim dias antes, outros depois, no regresso. Para outros, poucos, Berlim serviu apenas de interface.

Da viagem até à capital da Letónia, nada a registar. Não houve atrasos nem gente para trás. No hostel de Riga ficámos num quarto-sótão, onde se iniciou uma saga de banhos frios. Canalizações antigas, diziam eles...

à chegada do aeroporto de Riga

o nosso quartinho

A primeira cidade visitada revelou-se intrigante. Talvez pelo estado do tempo, pareceu-nos cinzenta e austera, mas mesmo assim bonita e imponente. À chegada, almoço num restaurante russo self-service, nada de especial. Depois, passeio pela cidade, mas o cansaço apertava, que a viagem tinha sido longa, e aos poucos se foi rumando ao hostel. Depois da sesta tardia, jantar num sports bar na esperança de assistir ao jogo de Portugal. Nada feito. Depois do jantar, continuou-se a degustação de cerveja letã, num barzinho simpático que nos foi indicado. Outros posteriormente resolveram seguir um convite feminino, indo parar ao bar com pior reputação da cidade! A carne é fraca. De regresso ao hostel tivemos de acordar a menina da recepção, que já estava bem alegre antes de sairmos. Passou ainda por alguns momentos de tortura, antes de a deixarmos em paz...



a sinagoga das 5 (6?) cúpulas

o rio com gelo nas margens


a praça central fixe

cerveja letã para jusante


Na manhã seguinte, nada como começar por uma panorâmica da cidade. Subindo ao topo da torre da catedral de S. Pedro, a maior cidade dos três Bálticos estendeu-se a nossos pés. E percebemos como ainda estávamos longe do mar! Ao descer, estava à nossa espera o Janis, companheiro de quarto do Zé João em Strahov até Dezembro, e letão de nascimento. Finalmente tínhamos guia! E ainda por cima fazia anos...

Visitámos o Museu da Ocupação da Letónia, memória de gentes sofridas, mas mesmo depois de tanta desgraça a fome apertava... Como já se faziam horas, o Janis levou-nos a um restaurante muito bom (quem sabe, sabe), onde a turminha se reuniu (cada um se levantou à sua hora), e continuámos visitas. O castelo, a ponte e o rio... e supermercado para abastecer a noite e o dia seguinte de viagem. Depois do jantar, ocupámos a sala comum do hostel e fizemos a festa. Alguns ainda saíram para uma disco-night, desta vez como deve ser e sem suásticas à porta...


o castelo

a turminha com o guia



a nossa festa no hostel


Na manhã seguinte, os dois eleitos condutores e o financiador do projecto levantaram-se mais cedo para ir buscar a viatura. Claro que, pelos becos e ruelas de Riga, andaram perdidos. Mas lá deram com o sítio, apesar da parca informação visual da Hertz... Mesmo com tanto atraso, o pessoal que se quedou no hostel ainda não estava despachado. Mas não tardou a ficar. E pusémo-nos a caminho. O demónio para uma pessoa se orientar nas estradas dos Bálticos, já que esta gente não usa sinalizações!! Mas mesmo por tentativa e erro a coisa ia-se fazendo.

Logo na primeira paragem, numa bomba de gasolina, o Diogo comprou daquelas cenas para fazer bolinhas de sabão... Foi o remédio para o resto da viagem! Entretido chateava muito menos... LOL

Já o Sol se ameaçava por quando entrámos em Kaunas. A Lituânia em termos de paisagem parecia igual à Letónia, mas a cidade apresentava sérias diferenças... Como dizer...

Praticamente desorientados, pusémo-nos em busca do hostel. Kaunas é a segunda cidade da Lituânia, e sem ninguém saber bem porquê, decidimos lá ficar uma noite. Aparentemente seria uma cidade de estudantes, com intensa vida nocturna. Claro que isso era um argumento chamativo... Mas o nosso hostel não se situava bem no centro, e quando começámos a percepcionar a zona... Bem, se disser que parecia a Cova da Moura lituana, não andarei muito longe! Só estando lá para ver, mesmo... Quando encontrámos o hostel, enviaram-se prospectores. Parecia novo, e apesar da menina não falar puto de inglês, lá percebemos que éramos mesmo os primeiros hóspedes (e únicos!). Tínhamos algumas dúvidas se lá ficaríamos a pernoitar, portanto rumámos ao centro em busca de alternativa. De transporte privado, ficava perto.

A fome entretanto falou mais alto, e jantámos num restaurante de nome Pizza Jazz, iniciando-se assim as refeições gourmet. 5 estrelas. Depois de tal repasto, a decisão de ficar naquele hostel pareceu mais fácil, e enquanto que uns voltaram para fazer o check-in, o Diogo e o Saleiro foram fazer o reconhecimento da noite. Quando a turminha se juntou, já eles tinham feito amizade com um casalinho local (sempre casais, estranhamente... :D), e foi aí que tivemos contacto com a dura realidade de Kaunas: a cidade com maior índice de violência dos países Bálticos, a ponto das tropas da NATO levarem nas trombas quando lá passam (isto segundo o rapazinho que nos acompanhava, embora tenhamos algumas dúvidas). Mas o facalhão que vimos nas mãos de um jovem que andou de olho em nós uns quarteirões já não foi ilusão! Lá nos dirigimos para mais um barzito, cheio até à entrada, mas bastante pacífico por sinal. E pela primeira e única vez, toda a gente rumou ao hostel ao mesmo tempo, já que tudo dependia da nossa VW Transporter.






o verdadeiro "Hostel"



(para esta leitura não ser tão secante, dividiu-se o post em 2... regressamos num fósforo! :p)

1 comentário:

Anónimo disse...

Příští zastávka:Amsterdam :)))